Em fevereiro deste ano, A Netflix anunciou a entrada de 21 obras do Studio Ghibli no seu catálogo, motivo de grande festa para os amantes de animação japonesa. Os filmes foram adicionados em três levas – fevereiro, março e abril – e já se encontram na plataforma de streaming. O Studio Ghibli foi fundado em 15 de junho de 1985 pelos diretores Hayao Miyazaki e Isao Takahata e pelo produtor Toshio Suzuki, com sede em Koganei, Tóquio.
Ghibli é conhecido como um dos maiores estúdios de animação do mundo, sendo aclamado pela crítica e pelo público. O estúdio deu origem a obras mundialmente conhecidas como “A viagem de Chiriro”, “Meu amigo Totoro” e “Princesa Mononoke”.
O que torna o Studio Ghibli especial? Existem várias respostas plausíveis. Ao decorrer dos seus 35 anos de atuação, o estúdio conseguiu permanecer na indústria cinematográfica comercial sem se vender a uma fórmula pré-determinada presente na cultura de consumo em massa.
+Numa temporada com pouca criatividade, La Casa de Papel se segura no carisma dos personagens para se manter viva.
Quando colocado ao lado de outros estúdios de animação japonesa, o Studio Ghibli segue o movimento da contracultura e trilha o seu próprio caminho. A gama de filmes do estúdio é rica e traz à tona diferentes enredos que alternam entre histórias infantis, adultas e experimentais.
Alguns dos elementos cânones do Ghibli são a produção de animações majoritariamente desenhadas a mão (efeitos digitais começaram a serem usados de forma ponderada a partir de “Princesa Mononoke”), uma atenção meditativa aos detalhes, a reverência à natureza e uma humanidade que transborda até na mais fantasiosa das histórias.
Ao explorar temas como a inocência da infância e a insensatez da guerra, o estúdio constrói “mundos” tão imersivos e detalhados que nos fazem acreditar que eles realmente existem. É esse ato de acreditar mesmo sabendo que tudo não passa de ficção que sustenta a “magia ghibliana”.
+Dark concluiu seu último ciclo com a mesma maestria que entregou desde o começo.
É como descreveu Miyazaki no livro “Turning point”, uma coleção de textos, discursos e entrevistas do diretor: “Mesmo que o mundo representado seja uma mentira, o truque é fazê-lo parecer o mais real possível. Em outras palavras, o animador deve fabricar uma mentira aparentemente tão real que os espectadores vão pensar que o mundo representado pode existir” (tradução livre).
Quer começar a explorar os mundos do Ghibli mas não sabe por onde começar? segue abaixo uma lista de 5 filmes que são uma boa porta de entrada para o estúdio. O melhor de tudo? todos se encontram no Netflix.
A viagem de Chiriro (2001)

“A viagem de Chiriro”, dirigido por Hayao Miyazaki – conhecido por muitos como o “deus da animação” – é o primeiro Ghibli de muita gente. A animação é uma das mais imaginativas do estúdio e conta a história de Chiriro, uma menina de 10 anos que encontra-se perdida em um novo mundo de espíritos, bruxas e feitiços.
O filme tornou-se a produção mais bem sucedida da história do cinema japonês, conquistando mais de 347 milhões de dólares mundialmente. A obra também recebeu inúmeros prêmios, dentre eles o Oscar de Melhor animação de 2003, sendo o primeiro filme que não tem o inglês como língua original a ganhar na categoria. O filme é considerado por muitos críticos uma das melhores animações de todos os tempos.
+Ainda existem momentos interessantes, mas de modo geral a fórmula de Sabrina saturou e os roteiristas optaram por parar de se esforçar.
O conto da princesa Kaguya (1988)

Dirigido por Isao Takahata, outro grande nome da animação japonesa, “O conto da princesa Kaguya” é baseado no antigo folclore japonês do “Conto do cortador de bambu”, que narra a história de uma garota que nasceu dentro do caule de um bambu brilhante. O filme, produzido com uma distinta animação em aquarela, foi indicado ao Oscar de melhor animação em 2015.
Apesar de Miyazaki levar a maioria do crédito pela grandeza do estúdio, o já falecido Takahata é o autor de várias das obras mais audaciosas e experimentais do Studio Ghibli, como “Pompoko” e “O túmulo dos vagalumes”.
Meu amigo Totoro (1988)

Em uma lista de introdução ao Studio Ghibli não poderia faltar o filme que deu origem ao mascote do estúdio, “Meu amigo Totoro”, dirigido pelo Miyazaki. Na obra, as irmãs Mei e Satsuki se mudam para a zona rural com o pai para ficar mais perto do hospital onde sua mãe está internada.
Nos arredores que cercam a sua nova casa, as irmãs entram em contato com inúmeros seres mágicos, dentre eles o adorável Totoro, uma espécie de espírito da floresta. “Meu amigo Totoro” leva a audiência em uma viagem pelo poder da imaginação, a magia da natureza e a inocência da infância. É o exemplo perfeito da beleza pura e despretensiosa do estúdio.
+Com história criativa, tramas de Não Fale com Estranhos parece uma confusão mas no final se encontra como um excelente quebra-cabeça
Princesa Mononoke (1997)

Mais um clássico do estúdio dirigido por Miyazaki. “Princesa Mononoke” se passa no Japão do período Muromashi (1336 a 1573) e tem como protagonista Ashitaka, um príncipe amaldiçoado por um demônio dentro do corpo de um Deus-Javali. Ao viajar para o Oeste em busca de uma cura, Ashitaka conhece Sen, uma jovem humana criada por deuses lobos.
O filme é um dos mais sérios do estúdio e tem como temática central a relação conflitante entre a natureza e a humanidade, pauta presente em grande parte das obras do Ghibli.
Memórias de Marnie (2014)

Indicado ao Oscar de melhor animação em 2016, “As memórias de Marnie” é o lançamento mais recente do estúdio. Dirigido por Hiromasa Yonebayashi, o filme conta a história de Anna, adolescente introvertida que é levada a passar as férias com seus tios em uma pequena cidade devido as suas crises de asma.
Anna acaba conhecendo Marnie, uma garota misteriosa que vive em uma mansão aparentemente abandonada. O filme fala sobre família, saúde mental, memória e a linha tênue entre verdade e imaginação.